domingo, 14 de junho de 2009

Mudança

Bem pessoal...

Eu mudei o Delfos para uma nova conta, quer dizer, uma velha conta, pois eu estava tendo dificuldades de manter todos os meus blogs em contas separadas, então deixei tudo numa conta só... Portanto, o endereço dele mudou:

www.pitonisadefebo.blogspot.com

É o mesmo Delfos de sempre, só com uma cara diferente!

Espero a visita de vcs lá!

Beijos

sábado, 4 de abril de 2009

Presentinho de Dionísio!

Efxaristo, Dionísio!

Primeiro eu pensei em falar sobre a Delphinia, foi o Ritual com direito a comilança, dança, transe e tudo! Tive um sonho todo especial depois, que embora não fosse nada relacionado com o esplendor dos deuses, estava intimamente ligado com as minhas questões pessoais que lancei no ritual. Claro que eu pensei muito em Delfos antes de criar o ritual e segundo minhas parcas informações, esse era o lugar aonde as pessoas iam para resolver seus impasses, como eu também tenho os meus, me baseei nisso para terminar de formar o meu ritual. Foi lindo!
Porém, na manhã do dia de Delphinia, não era em meu amado Febo Apolo que eu estava pensando, mas sim no meu doce e risonho Dionísio. Dionísio se transformou sem sombra de dúvida no meu Deus libertador, acho que logo- logo ele estará sentadinho ao lado de Apolo em minha devoção particular. Então, ainda na manhã, eu peguei um gostoso cacho de uva verde que estava na geladeira de casa e prontamente eu pensei em Dionísio, Ele que tem me aliviado em meus momentos de angustia, e então eu pensei: “Por que não uma prece bem feita em agradecimento?”. Foi o que eu fiz!
Foi com coração sincero que comecei recitar os Hinos Homéricos, berrar Evoé em plena oito horas da manhã, para chamá-lo em seguida pelos seus epítetos e agradecer por tudo o que tem feito. Não era minha intenção inicial, mas como se fosse algo completamente intuitivo, iniciei uma pergunta do tipo: “O que eu te pediria? Eu que tenho muito que agradecer, não o que pedir? Sinto-me até incomodada a pedir a quem me faz tanto”. Mas, como que impulsionada pedi algo muito bobo, mas que daria um ar um pouco mais alegre a minha vida. Dormi logo em seguida e deixei a velinha lá queimando ao lado do cachinho de uva, tudo muito simples. Na quinta-feira, dia de Apolo, eu nem me lembrava mais que eu tinha pedido algo para Dionísio, aliás eu estava toda impregnada com a energia da Delphinia, mas me sentia meio jururu. Recitei os Hinos Homéricos de Dionísio e Apolo e lá eu fiquei ouvindo musica.
Quando eu fico assim meio down, eu prefiro me isolar, mas naquele dia ao contrário, eu insistia em lutar contra aquilo e sair, ao menos para caminhar, ou conversar com as amigas. Duas horas tentando me convencer de que sair era o melhor mesmo e lá fui eu pra casa de uma amiga, depois decidimos ir pra um barzinho beber um chop e ficar relaxada, e lá foi que aconteceu aquilo que eu pedi para Dionísio, mas eu sequer me dei conta no momento. Quando eu cheguei em casa e me deitei na cama, olhei para o meu pequeno altar e entre as coisas de Apolo, estava o cachinho de uva de Dionísio e eu pensei: “Pelos deuses! Não foi que Ele me atendeu mesmo!” Saí gritando em plena madrugada, totalmente ensandecida “Efxaristo, Dionísio! Efxaristo, Dionísio!” E tudo o que eu bem queria fazer era ficar gargalhando (doida mesmo).
É, às vezes os deuses tem de ficar empurrando essas malucas tipo eu, que pede as coisas, esquece e depois nem se dá conta de estar recebendo uma graça! Vivendo e aprendendo!

segunda-feira, 30 de março de 2009

Xairete Theoi

Θ
{Theoi}
Deuses
Os deuses te auxiliarão neste teu caminho.



Tive um sonho simples, bastante simples, cheio de meus dramas atuais, com minha paixonite como personagem principal, porém eu lembro de encontrar um nome escrito em grego que agora eu não consigo me lembrar e uma letra me era dada, a letra Theta Θ. Logo que acordei tive a sensação de que eu tinha que descobrir o que essa letra significava, aliás ontem foi minha Libação para Atena em seu dia e pedi sua sabedoria e conselhos, disse a Atena que eu tinha que ser sábia e que eu desejava profundamente saber o que fazer.
Basicamente foi o que eu fiz ao chegar ao serviço e me deparar com minhas doze horas em frente ao computador em meu trabalho, procurar o significado da letra Teta para saber qual era a mensagem dos deuses. E deparei-me com esse significado no Oráculo Apolíneo: “Os deuses te auxiliarão neste teu caminho”. Θ pode ser interpretada nesse caso como "Theoi", "Deuses" e eu posso entender que nesse caso, isso é coisa pela qual os próprios Deuses acompanham comigo.
Seja como for, isso me fez lembrar de uma época em que eu buscava por uma vida espiritual para lidar com as dificuldades em mudanças comportamentais e resgate de si mesmo, dentro de um grupo de apoio. Quando algo parecia tão difícil ou mais forte do que nós, tínhamos que buscar a ajuda de um Poder Superior para assim prosseguirmos e vencermos nossas dificuldades. Eu mesma ainda carrego muito disso em minha vida, acho que foi aquele tipo de aprendizagem em que você jamais esquece como fazer.
O ponto mais importante que qualquer pessoa deveria alcançar se chama Serenidade, para mim serenidade é aquele estado onde nos encontramos vivendo o presente, sem nos ressentirmos com o que passou e tampouco se preocupando com o que virá. Viver aqui e agora sem preocupações, deixando as coisas acontecerem por si mesmas. Gosto de uma explicação de Osho sobre algo aparentemente semelhante, ele diz que quando estamos vivendo realmente no presente nós aprendemos a Responder ao invés de Reagir. A reação seria basicamente agirmos diante de uma situação de forma parecida como agimos no passado em alguma situação semelhante. E responder seria basicamente agirmos de maneira a vivermos aquela experiência pela primeira vez, sem tentarmos nos lembrar de qualquer situação semelhante e pensar em que fim deu, para tão somente reagir.
Esse pensamento me trouxe de certa forma certa paz (serenidade) novamente, pois se sonho com algo pelo qual por minhas próprias forças eu não consigo resolver, e recebo uma mensagem como “Theoi”, Deuses, então não vejo qualquer motivo para me preocupar demais, resta-me apegar-me ainda mais em meus Deuses e seguir adiante em meu caminho simplesmente Respondendo (como aconselharia Osho). Pensamos na singularidade das pessoas e situações e jamais poderíamos nos basear numa situação passada por alguns motivos óbvios:
1º devido ao tempo e ao nosso constante renascimento, não podemos crer que somos as mesmas pessoas que fomos ontem. Portanto, tantas experiências nos transformaram, ainda mais nós que percorremos pelas trilhas do auto-conhecimento. Se nós já não somos os mesmos, quem dirá as situações.
2º o mesmo acontece com situações, por mais semelhantes que pareçam nada é o mesmo, muitas vezes pessoas, locais, etc nem são mais os mesmos, mas mesmo assim, muitas vezes agimos como que se tivéssemos vivendo a mesma coisa que antes e pensamos erroneamente que terá o mesmo fim que a outra. Ok, se sabemos que tomada dá choque não vamos ficar enfiando o dedo todas às vezes, mas isso também não significa que todas as vezes levaremos choques, pode ser que a companhia de energia pode ter cortado a energia para fazer reparos justamente no momento em que enfiamos o dedo, ou pode ser que está chovendo tanto que acabou a energia, whatever...
3º Nossa intuição sempre nos diz exatamente o que fazer, mas muitos não se sentem seguros com suas próprias vozes interiores, neste caso, recorremos então aos deuses que sempre sussurram bons conselhos pelo vento (ou usando algum amigo ou mesmo desconhecido para falar aquilo que precisamos ouvir).
Baseando-me nesses pensamentos, sabendo que os deuses estão me auxiliando e que nada tenho para me preocupar, resta-me chamar por Pã ou Dionísio e sair dançando pelos bosques por aí! Tenho ainda muito que fazer por mim, pelo meu caminho e pela minha vida cotidiana em si, ao invés de me focar em algo que no momento eu não tenho a menor capacidade física, emocional, mental e intelectual para resolver. Admitir que não estou pronta e aceitar esse fato, já é um grande passo para me sentir melhor comigo mesma e deixar que o tempo e os deuses resolvam isso por mim, nem que simplesmente me tornem pronta para resolver a questão.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Bem vinda a nova vida!

Hoje me sinto lisonjeada, pois este mês que logo se acaba na lua nova (Elaphebolian) começou com um sonho na Noumenia, onde eu bebia a água de um caldeirão enquanto recitava o Hino Homérico a Apolo. Elaphebolion foi para mim um mês de “morte”, de introspecção, de um buscar espiritual maior que em qualquer outro momento da minha vida. Lembro-me que no começo do mês eu me queixava, pois após ter sonhado com a “Morte” como um ser encarnado, fiquei temerosa de que esse mês seria um mês daqueles que todo mundo quer fugir.
O que eu não compreendia era o surgimento tão forte de Dionísio em minha vida de uma hora para a outra. Como sou muito nova nesse caminho, muitas coisas me eram incompreensíveis (e creio que ainda o são) e eu ainda tinha muito que entender e saber. No inicio da Cidade Dionisíaca, acordei repetindo em minha mente o nome Zagreu de Dionísio e ao ver o que significava, no português claro e chulo, eu soltei um sonoro e triste “fodeu”. Fui vendo minha vida se despedaçando, tudo parecia turbulento e confuso. Os sonhos não paravam, mas eu não os entendia, tudo o que eu pensava em minha mente era: “Os deuses estão ferindo, talvez me lapidando e não sei por que pago tão alto preço”.
Hoje estudando um pouco mais o Helenismo, me deparei com a simbologia de beber Dionísio no caldeirão: “Em outra versão do mito, Dionísio (Zagreu) é filho de Zeus e da deusa Perséfone, Rainha do Submundo. Hera pediu aos titãs para atrair a criança com brinquedos e então eles o despedaçaram, colocando-o em um caldeirão e comendo tudo exceto o seu coração, que foi salvo por Atena (ou Deméter, em outras versões). Zeus refez seu filho através desse coração e o deu a Semele para fazer um novo Dionísio, o mesmo que reaparece em Elêusis como Iaco. Por isso, ele é chamado “duas vezes nascido” ou “o de duplo nascimento” (Dio-nísio)”. -
Dionísio e seu Renascimento.
Como entendo que minha vida cotidiana é puro reflexo de minha vida espiritual, vejo que não é de se estranhar que enquanto estou sendo espiritualmente devorada pelos titãs para depois renascer, minha vida também é devorada para também renascer. O que faz todo sentido agora ao me lembrar que neste mês fiquei paralisada diante de um texto de minha amiga helênica e minha reflexão sobre ele, sobre ser ferida pelos deuses para aprender curar (Quíron). Não obstante é necessário morrer para renascer (iniciação).
Já na semana da próxima Noumenia (de Mounykhion [Daisios]) sonho com a encruzilhada, onde eu observo fogos de artifícios que eu mesma havia feito admirada com sua beleza e que entre vários desenhos, desenham um rio cheio de peixinhos. Acordei animada, havia uma mensagem em minha mente de que eu veria beleza em meus esforços e sendo a encruzilhada pertencente ao caminho, Hermes e Hécate, não seria de se admirar que eu ficasse animada esperando as boas novas do mensageiro dos deuses, como as bênçãos e sabedoria da Trioditis.
Isso explica porque grudei em Dionísio como uma criança assustada durante a noite agarrada ao seu ursinho de pelúcia. Guiada e instruída intuitivamente pelos deuses, fui adentrando esse caminho e abrindo-me para conhecer sem deixar que minha pouca disposição e indisciplina prejudicassem o andar da carruagem. Embora vivendo momentos de profundo desespero e dor, em meio a tantos acontecimentos difíceis, xingando e reclamando vezes ou outras, não deixei sequer por um momento de honrar e cultuar meus deuses. Então, se houve algum tipo de prova, não creio que eu tenha falhado.
Esse entendimento todo surgiu hoje, pois em meio a um momento difícil durante meu dia, me agarrei novamente as minhas preces a Dionísio, pedindo para que eu não caísse ou sofresse novamente, despertando em mim o desejo de viver alegremente a minha vida independente das coisas que acontecem ao redor. Mas, o que mais chamou atenção, principalmente durante essa semana, foi o pensamento obsessivo e a admiração de Dionísio pela sua história de buscar o reconhecimento como um Deus filho de Zeus. Reconhecimento foi além das palavras “entusiasmo" e "libertação” o que mais me chamou a atenção em Dionísio. Partindo do pressuposto de que estou intuindo todo esse processo realizado pelos Deuses e de minha disciplina no culto, basicamente a palavra reconhecimento é uma de minhas vitórias nesse caminho.
Novamente retornando ao meu sonho com a encruzilhada, a impressão que tenho é de receber a mensagem dos deuses dizendo: “Está pronta, pode percorrer agora o caminho”. É como que pudesse dizer que me tornei verdadeiramente Helênica na Noumenia de Elaphebolion de 2009 da era comum. Mesmo estudando sobre isso desde outubro do ano passado, mas tendo agora a certeza em meu coração de que sou “reconhecida” como filha de Zeus (Xaire, Dionísio). Sinto isso como se ouvisse as vozes dos Deuses Antigos me dizendo: “Bem vinda a sua nova vida!”

quarta-feira, 18 de março de 2009

Cante pelos bosques!

Dionísio, deus do êxtase e do
entusiasmo, levava com seu cortejo alegria e felicidade por toda a Grécia onde
também era considerado protetor das belas artes.

“Ele ouve e considera tudo; nem sequer um discurso,
nenhum choro, nem barulho, nem voz nefasta escapa do ouvido de Zeus” – Hino
Órfico

O único meio de comunicação que eu tenho com os deuses, exceto em casos raros que os escuto quando estou desperta, é através de sonhos. De todo modo hoje foi um daqueles dias difíceis. Como algumas pessoas sabem, não estou em um dos meus melhores momentos, estou atravessando aquela fase insegura da mudança, como alguém que entra em seu barquinho e tenta atravessar o rio de uma margem a outra. Só que há dias sinto que eu estou parada no meio do rio e isso me deixa muito triste, não somente com a situação, mas em especial comigo mesma.
Vivendo ao longo desses anos, eu descobri que sempre há aquele momento em que perdemos nossas forças, em que estamos tão confusos ou tão inseridos dentro de nossos dramas emocionais ou simplesmente mentais, que não conseguimos nos reconhecer, que perdemos total e completa noção de quem nós somos. Os momentos de intensa dor ou de desespero são comuns a todos nós que caminhamos sob o sol, ninguém está livre disso. Não importa o que faça você perder o sono ou dormir demais (fuga), importa que sempre haverá momentos em que somos abatidos pela tristeza e a duvida e vejo que são nesses momentos que os deuses fazem o trabalho deles.
Enquanto temos forças para seguir e reagir, os deuses vão nos guiando e aconselhando pacientemente, mas naquele momento em que nos encontramos despedaçados, em que não vemos uma saída, em que não conseguimos seguir por mais que q1ueremos, ou que caímos sobre nossos joelhos de pura exaustão, então os deuses vêm para nos levantar pelas mãos e nos mostrar que não estamos sozinhos e que tampouco fomos por eles abandonados e nos mostram que em nenhum momento em nosso caminho, por mais difícil que esse pareça, eles nos deixaram sozinhos sequer por um segundo. Mesmo aquela prece que proferimos e que nem sentimos nada demais escapou dos ouvidos dos deuses.
Foi uma dessas preces dolorosas e sinceras que eu fiz durante a manhã, aquela em que descarregamos toda a nossa carga emocional, em que proferimos sinceramente que se estamos pedindo por ajuda é porque não sabemos mais o que fazer, ou como fazer ou estamos tão cansados que mesmo sabendo o que fazer não conseguimos nos mover. Eu estou nesse momento em que não posso ficar, mas também eu não consigo seguir. Mais nenhum humano no mundo poderia fazer isso por mim e foi com um sincero apelo que eu disse: “Os Deuses têm me ajudado em tudo o que tenho pedido. Por que não me ajudam nesse quesito? Por que não fazem por mim o que mais ninguém nesse mundo e tampouco eu estou conseguindo fazer? Não importa o que façam, eu só quero me ver livre desse sofrimento!”.
Eu acordei com uma forte tempestade caindo, os trovões eram tão altos que tremiam as paredes de casa, São Paulo inteira já estava debaixo d’água e a lembrança de meu sonho, onde após uma lição sobre aprender a guerrear no inverno, eu entrava em casa cantando para Zeus e Dionisio. Uma experiência mística, que me trouxe certezas e não fé, porque eu particularmente não gosto da palavra fé, fé me parece sugerir que acreditamos em algo que está distante. A minha experiência hoje vai além disso, eu tenho certeza, tenho confiança em meus deuses, não como algo distante, mas como Pai e Irmão que estiveram comigo me ouvindo naquele momento em que eu mais precisava ser ouvida e a confiança de sustenção como que se o próprio Zeus tivesse sussurrado em meu ouvido num abraço: “Fique tranquila, nós daremos um jeito nisso”. Como minha amiga helenica me disse sabiamente, enquanto estamos aqui insanamente sofrendo, Zeus está lá em cima já sabendo de tudo o que nos aconteceu e o que nos acontecerá.
Foi exatamente essa certeza que me inspirou escrever um post onde eu me coloco de maneira vulnerável e fragilizada, mas perfeitamente humana. Essa é uma forma de agradecimento, de dizer para os outros sinceramente que não importa os momentos pelos quais passamos, nossa capacidade ou a falta dela, nossos desejos ou tentações (tentação no sentido de desejar algo para se livrar do sofrimento e conseqüente crescimento que esse nos traz, porque é muito fácil desejar não sofrer e viver num ilusório mar de rosas, mas sofrer [não como um modo de purificação] nos impulsiona a mudar e nos transformar) que nós podemos contar com um poder superior que nos traz força para continuar e prosseguir em nosso caminho. Entenda, não posso acreditar em deuses que não riem e que não dançam, como também não posso acreditar em deuses que repudiam nossa humanidade.
Tenho plena confiança que em breve estarei escrevendo mensagens mais animadas e alegres, porque logo estarei dançando pelos bosques com Dionisio e espalhando por aí toda alegria e embriagues divina. E orgulhosa de saber que eu irei realmente fazer jus as palavras que eu escrevo, como profetisa que sou [Xaire, Apolo! Teu dom, tua dádiva!]. E assim provaremos eu e minha amiga helenica (e quem mais os deuses quiserem), como nossas cadelas negras anunciaram, a nossa primavera. Então, que venha!

quarta-feira, 11 de março de 2009

Boa Dikhomenia

Dikhomenia - "Eu divido em duas partes!"
(Basicamente o que eu usarei em meu ritual dessa noite, talvez insira mais alguns Hinos a Afrodite, libação e oferendas)
Hino Homérico #32 para Selene
Traduzido por Alexandra.

E, em seguida, as Musas de vozes doces, filhas de Zeus, bem habilidosas em canção, contam da Mene (Lua) de longas asas. De sua cabeça imortal um resplendor se mostra dos céus e abraça a terra; e grande é a beleza que se ergue de sua luz brilhante. O ar, antes apagado, incandesce com a luz de sua coroa dourada, e seus raios irradiam claramente, sempre que a brilhante Selene banha seu amável corpo nas águas do Oceano, e veste seus trajes de belas centelhas, e une sua brilhante equipe de pescoços fortes e dirige seus cavalos de longas crinas a velocidade máxima, ao anoitecer no meio do mês: então sua grande órbita é cheia e então seus raios brilham mais forte enquanto ela cresce. Então ela é um verdadeiro símbolo e um sinal aos homens mortais. Uma vez o Cronida [Zeus] se juntou a ela no amor; e ela concebeu e carregou uma filha, Pandéia, de excedente amabilidade entre os deuses imortais. Salve, deusa dos braços brancos, brilhante Selene, terna, rainha de longos cabelos brilhantes! E agora eu lhe deixo e canto a glória dos homens semi-divinos, cujas ações os menestreis, os servos das Musas, celebram com lábios amáveis.

Hino Órfico para a Lua -
A Fumigação de Aromáticos.
(Traduzido por Alexandra)

Ouça, deusa rainha, difundindo luz prateada, a do chifre de touro que vaga pela escuridão da Noite. Cercada de estrelas, e com largo circuito, tocha da noite estendida, pelos céus tu passeias: Fêmea e Macho, com raios emprestados brilhas,
E agora de orbe cheia, tendendo a minguar, Mãe das eras, lua que produz frutos, Cuja orbe de âmbar faz o refletivdo meio-dia noturno: Amante de cavalos, esplêndida, rainha da Noite, Poder que tudo vê, enfeitada da luz estelar.
Amante da vigilância, inimiga da discórdia, em paz rejubilante, e de vida prudente:
Bela lâmpada da Noite, seu ornamento e amiga, Que dá aos trabalhos da Natureza seu destino final. Rainha das estrelas, toda-sábia Diana, salve! Ornada de um gracioso robe e brilhante véu; Venha, Deusa abençoada, pudente, estrelada, brilhante. Venha lâmpada lunar de luz esplêndida e singela, brilhe nesses ritos sagrados com raios prósperos. E por favor aceite esta suplicante prece mística.

Poema (escrito por mim):

Hoje eu acordei para ver a Lua, antes dela me buscar.
E ao sair de casa e para cima olhar, a Lua estava lá.
Saudei-a com um olá e passei a admirar,
E para minha surpresa, doce Selene, passou a me beijar.

Eu que durante a noite sempre somente a fitava,
Agora estava em seus braços, como filha, deslumbrada.
Sabia que no céu, ela brilhava, Selene, com Venus acompanhada,
Ambas em conjunção apoiadas, para Venus testemunhar o amor e o amar.

Grande dama dos poetas, senhora que dos homens és a inspiração,
Entronando-te na cheia, com teus raios a terra a iluminar.
Compreendendo de dentro de ti os mistérios do amor e da paixão,
Ó tu, que dos poetas é amada, lua, Selene sagrada, venha me buscar.

Tu que não permaneces no Olimpo junto aos demais deuses,
Onde no céu faz a tua jornada, mas antes de começá-la, se banha no mar.
Uma linda deusa, de braços brancos, com longas asas,
Que percorre o céu em seu carro prata, para aos homens dar sua luz plácida.

Eternamente dorme teu pastor a quem tu amas,
E amas ainda mais a contemplar, abundante até no amar,
Derrame sobre nós as tuas graças e deixe-nos nos teus domínios adentrar,
E então, deusa, no meio do mês, viemos nós sinceramente te saudar!

Deipnon

Deipnon (δεῖπνον)
Tradução e Correção: Priscila Ferreira e Elidia Martins

A principal refeição de gregos e romanos corresponde ao nosso jantar, o substituindo. Como as refeições nem sempre estão bem distintas, é conveniente dar um breve resumo de todos eles sob a presença do chefe.
Os materiais para relato das refeições gregas, durante o período clássico de Atenas e Esparta, são quase todos confinados a incidentais alusões a Platão e aos escritores cômicos. Muitos autores ancestrais, chamados δειπνολόγοι são mencionados pelo Athenaeus, mas, infelizmente, suas escrituras apenas sobreviveram em fragmentos. Seu grande trabalho, o Deipnosophistae, é um tesouro incomensurável deste tipo de conhecimento, alem de muito bem arranjado. Veja Athenaeus.
Os poemas de Homero contem uma figural real das antigas maneiras, em todo valor de atenção dos antiquários. Como eles se mantiveram fora de todos os outros escritos, é conveniente mostrar em um ponto de vista o estado das coisas que eles descreveram. Não deve ser esperado, no entanto, que as refeições homéricas devem concordar com os costumes do período. Athanaeus (i. 8), que entrou profundamente no assunto, observou a simplicidade dos banquetes homéricos, no qual os reis e homens privados partilhavam da mesma comida. Era comum para personagens reais prepararem sua própria refeição, e Odisseu (Od.xv. 322) se declarou não muito bom na arte culinária.
Três nomes de refeições ocorreram nas ilíadas e odisséia ἄριστον, δεῖπνον, δόρπον ou δόρπος -. A palavra ἄριστον uniformemente significa refeição matinal e δόρπον significa refeição da tarde, mas δεῖπνον, geralmente significando refeição do meio dia às vezes é usada no lugar de ἄριστον ( Od.xv. 397) ou mesmo δόρπον ( Od.xvii. 170). Nós devemos ter cuidado, no entanto, em como discutir a partir de hábitos não acertados de um campo para os costumes normais da vida.
Na era Homérica era normal sentar-se a mesa, e este costume, nos foi dito, foi mantido pelas eras históricas pelos cretenses. Cada convidado geralmente tinha sua própria mesa, e uma igualitária porção de comida era colocado na frente de cada um, exceto quando um convidado especial era honrado pegando uma porção maior. O que nos impressiona como peculiaridade nos jantares homéricos era seu caráter religioso. Eles participavam mais ou menos da natureza do sacrifício, começando oferecendo uma parte da comida aos deuses, e começando e encerrando com a libação de vinho, enquantoa os termos para animais para refeições comum (ἱερεύειν, θύειν) e para o abate dos animais (ἱερήϊα) para uma refeição das cerimônias religiosas. A descrição de jantar dada por Eumaeus na Odisséia ( Od.xiv. 420) nos da uma boa idéia de um jantar na era homérica na sociedade humilde, e a dada por Aquiles na Odisséia( Il.ix. 219 foll.) pode ser tomada como um banquete típico dos grandes no mesmo período.
Carne, carneiro, carnes suínas e de cabra eram os pratos comuns, geralmente comidos assados, às vezes cozidos ( Il.xxi. 363).. Peixes e aves eram quase desconhecidos (Eustath. ad Homer Od.xii. 330). Muitos tipos de vinhos são mencionados, notavelmente o Maronean e o Pramnian. Nestor tinha vinho onze anos (Homer Od.iii. 391).. Uma pequena quantidade era derramada no copo de cada convidado para fazer uma libação (ἐπαρξάμενοι δεπάεσσιν) antes de o vinho ser servido para degustação. Os convidados bebiam o vinho um do outro (Od.iii. 40) e uma segunda libação era feita para os deuses fecharem o repasto( Od.iii. 332).
Os gregos de uma era mais antiga geralmente partilhavam de três refeições, chamadas ἀκράτισμα, ἄριστον, e δεῖπνον. A última, que corresponde ao δόρπον dos poemas homéricos, era a refeição da tarde ou jantar, o ἄριστον era o almoço e a ἀκράτισμα que corresponde ao ἄριστον de Homero, era a refeição da manhã ou café da manhã. O ἀκράτισμα era feito logo de manhã (Aves, 1286). Ele é usualmente consistido de pão mergulhado em vinho sem mistura (ἄκρατος), donde derivou seu nome (Athen. i. 11).
Depois era seguida pelo ἄριστον ou almoço. A hora que estas eram tomadas é incerta, daí podemos concluir a partir de muitas circunstancias que era ao redor do meio dia, e correspondia ao prandium romano. À hora do mercado, o qual as provisões pareciam ter sido compradas pro ἄριστον, era das nove da manhã ate o meio dia. Em Aristófanes ( Vesp.605-612) Philocleon descreve o prazer de retornar pra casa depois de atender os tribunais, e partilhar de uma boa ἄριστον. Geralmente era uma refeição simples, mas claro variava de acordo com os hábitos de cada individuo (Oecon.xi. 18).
A principal refeição, contudo, era a δεῖπνον. Era geralmente tomada um pouco mais tarde no dia, freqüentemente não antes do por do sol (Lysias, de Caed. Eratosth. 22).
Os atenienses eram um povo sociável, e eram grandes apreciadores de jantar em companhia. Entretenimentos eram geralmente dados, ambos da era heróica e tempos mais antigos, quando os sacrifícios eram oferecidos aos deuses, tanto em publica quanto em situações privadas, e também no aniversario de membros da família, ou para pessoas ilustres, estando vivas ou mortas. Plutarco ( Symp.viii. 1. 1) fala de um entretenimento que era dado no aniversario de nascimento de Sócrates e Platão.
Clubes de jantares eram bem comuns, os membros de cada um contribuiam com certa soma, chamada συμβολή, ou traziam suas próprias provisões. Quando o primeiro plano era adotado, eles diziam ἀπὸ συμβολῶν δειπνεῖν e um individuo era geralmente encarregado com o dinheiro para comprar as provisões e fazer todas as preparações necessárias (Terence, Eunuch. iii. 4). Quando o segundo plano era adotado, eles diziam ἀπὸ σπυρίδος δειπνεῖν, porque as provisões eram trazidas em cestas. Este tipo de entretenimento era falado por Xenophon ( Mem.iii. 14. 1). Em Homero a palavra ἔρανος correspondia com o antigo ἀπὸ συμβολῶν δεῖπνον, enquanto εἰλαπίνη denota um entretenimento publico tal como um festival (Athen. viii. 362 e).
O tipo de entretenimento mais comum, contudo, era aquele em que uma pessoa convida seus amigos para sua própria casa. Era esperado que eles devessem vir vestidos com maior cuidado, e também banhados logo antes, por isso, quando Sócrates ia para um entretenimento em Agathon, dizia-se que ele se lavava e colocava os sapatos – coisas que ele raramente fazia (Plato, Symp.174A). Assim que o convidado chegava à casa de seu anfitrião, seus sapatos ou sandálias eram tirados pelos escravos e seus pés lavados (ὑπολύειν e ἀπονίζειν). Em trabalhos ancestrais de arte freqüentemente se vê um escravo ou outra pessoa no ato de tirar os sapatos dos convidados, o qual um exemplo é dado na próxima pagina de uma terra-cota no museu britânico. Depois de seus pés serem lavados, os convidados se reclinavam em κλῖναι ou sofás.
Sentar nas refeições era como já foi observado, a prática da era heróica, mas no período clássico era confinada a Creta. Mulheres, no entanto, quando admitidas nos banquetes em extraordinária ocasiões, como um casamento (para eles eram geralmente excluídas da mesa quando convidadas), tomavam a postura de sentar (Lucian, Conv.13) e também as crianças( Symp.i. 8).. Uma representação muito comum de um monumento funerário é a refeição em família, com o marido reclinando, e a mulher e as crianças sentadas ao seu lado. Onde mulheres eram representadas reclinadas numa refeição, significava por Hetaerae.
Era comum para apenas duas pessoas reclinarem em cada sofá. Nos trabalhos ancestrais de arte nós normalmente vemos convidados representados desta maneira, mas às vezes tem um numero grande em um grande κλίνη. Os convidados reclinados com seus braços esquerdos em travesseiros listrados e com seus braços direitos livres. (Cf. Aristoph. Vesp.1210.)
Depois dos convidados terem se colocado no κλῖναι, os escravos traziam água para lavar suas mãos, e ai o jantar era servido, a expressão para isso era τὰς τραπέζας εἰσφέρειν ( Suet. Vesp.1216). Por τὰς τραπέζας εἰσφέρειν podemos entender não meramente os pratos, mas as mesas eram colocadas para eles (Philoxen. ap. Athen. iv. 146 f).. Parecia que uma mesa, com provisões em cima dela, era colocada diante de cada κλίνη: e deste modo nós encontramos todos os trabalhos ancestrais de arte representando um banquete ou simpósio, uma pequena mesa ou trípode colocada perante o κλίνη: e quando tem mais de duas pessoas no κλίνη, varias dessas mesas. Estas mesas eram evidentemente pequenas o bastante para serem movidas com facilidade.
Pra comer, os gregos não tinham facas ou garfos, usavam seus dedos somente, exceto para comer sopas e outros líquidos, o qual eles partilhavam através de uma espécie de colher (μύστρον) ou pedaço de pão no formato de uma colher (μυστίλη) (Suidas, s. v. μυστίλη). Depois de comer, eles varriam seus dedos em pedaços de pão, chamado ἀπομαγδαλιαί, e depois atiravam aos cachorros (Aristoph. Eq.415). Napkins (χειρόμακτρα) não eram comuns ate o período romano.
Parece que a arrumação do jantar era confiada a certos escravos. Aquele que tinha um chefe gerenciando era chamado τραπεζοποιός ou τραπεζοκόμος (Athen. iv. 170 e; Pollux, iii. 41; vi. 13). A palavra grega para menu era γραμματίδιον (Athen. ii. 49 d).
Geralmente excedia-se o limite deste trabalho dar uma olhada na variedade de pratos que foram introduzidos ao jantar grego, embora seu número seja bem menor daqueles que usualmente eram partilhados nos entretenimentos romanos. A comida mais comum entre os gregos era a μάζα, uma espécie de bolo leve, que era preparado de diferentes maneiras, como aparece com vários nomes (Pollux, vi. 76). A φυστὴ μάζα, o qual Philocleon partilha retornando pra sua casa dos tribunais ( Suet. Vesp.610), é dita pelos Scholiast feita de cevada e vinho. O μάζα continuado desde os tempos mais antigos é a comida mais comum das classes mais baixas. Pão de trigo ou cevada era o segundo tipo mais comum de comida, às vezes era feito em casa, mas mais comumente comprada no mercado. Os vegetais geralmente comidos eram malva (μαλάχη), alface (θρίδαξ), couve (ῥάφανοι), ervilha (κύαμοι), lentilha (φακαῖ). Porco era a principal carne, também entre os romanos. Salsichas também eram comuns. É um fato curioso, o qual Platão (Rep.iii. 13 Rep., 404) observou, que nunca se leu que Homero ou os heróis comiam peixe. Em tempos mais antigos, contudo, peixe era uma das comidas preferidas dos gregos, tanto que o nome da ὄψον era aplicada pra κατ ἐξοχήν. Alguns nomes dos peixes que os gregos costumavam comer são dados no final do sétimo livro do Athenaeus, organizado em ordem alfabética.
A refeição comum das famílias era cozida pela governanta da casa, ou por uma escrava sob a direção dela, mas para ocasiões especiais cozinheiros (μάγειροι) eram contratados, dos quais parecia haver um grande numero ( Diog. Laert.ii. 72). Eles eram freqüentemente mencionados em fragmentos de poetas cômicos, e aqueles que eram conhecidos com todo o refinamento de sua arte eram requeridos em grande demanda em outras partes da Grécia. Os cozinheiros sicilianos, no entanto, tinham a melhor reputação, e um livro siciliano de culinária Mithaecus é mencionado por Platão, mas o mais celebrado trabalho deste assunto é o Γαστρολογία de Archestratus (Athen. iii. 104 b).
Um jantar dado por um opulento ateniense usualmente consistia de dois pratos, chamados respectivamente de πρῶται τράπεζαι e δεύτεραι τράπεζαι. Pollux (vi. 83), de fato, falando de três pratos, que era o numero em um jantar romano, e do mesmo modo nós encontramos outros escritores do império romano falando de três pratos nos jantares gregos, mas antes da conquista da Grécia por Roma e a introdução dos costumes romanos, nós lemos sobre dois pratos apenas. O primeiro prato era propriamente o que entendemos como jantar, peixe, carne, etc (ἐδέσματα), o segundo que correspondia a sobremesa e a bellaria romana, consistia de diferentes tipos de frutas, carnes doces, confeitos, etc (τρωγάλια). O primeiro prato romano eram saladas, vegetais, etc, e era desconhecido pelos gregos no tempo de sua independência.
Quando o primeiro prato era terminado, as mesas eram retiradas (αἴρειν, ἐκφέρειν, βαστάζειν τὰς τραπέζας) e água era dada aos convidados com o propósito destes lavarem as mãos. Coroas feitas de guirlandas de flores também eram dadas a eles, com vários tipos de perfumes. Vinho não era bebido ate que o primeiro prato fosse terminado, mas assim que os convidados lavavam as mãos, um vinho misturado era produzido numa mesa grande, chamada μετάνιπτρον ou μετανιπτρίς e cada um bebia um litro, depois de derramada uma pequena quantidade na libação. Esta libação era dita para trazer um bom espírito (ἀγαθοῦδαίμονος), e era geralmente acompanhada com a canção de um hino e flautas tocando. Depois desta libação vinho misturado era trazido, e com seu primeiro copo o convidado bebia a Ζεὺς Σωτήρ ( Symp.ii. 1). Com o σπονδαί e o δεῖπνον fechados, e com a introdução da sobremesa (δεύτεραι τράπεζαι), o πότος, συμπόσιον, ou κῶμος iniciavam o qual um resumo é dado no artigo Simpósio.